452) Alunos empreendedores (e perguntadores...)
Participei, na segunda-feira 29 de maio de 2006, da abertura do III Fórum de Formação e Profissionalização em relações internacionais, organizado conjuntamente pelo Centro Acadêmico Guimarães Rosa do curso de graduação em Relações internacionais da USP e pela empresa RI USP Jr, de alunos do mesmo curso.
Gostaria, em primeiro lugar, de deixar consignado meu reconhecimento pelo convite e meu agradecimento pela forma gentil e atenciosa com que fui tratado. Trata-se de um encontro com vários eventos sucessivos, que se desenvolve durante toda esta semana nas dependências do curso, e que demonstra o esforço que esses alunos vêm fazendo para se qualificar acadêmica e profissionalmente e se dotarem de "instrumentos" para se inserirem, desde já, no mercado de trabalho.
Fiz, na abertura, depois de uma exposição do Professor Rafael Villa sobre o desenvolvimento epistemológico das relações internacionais enquanto disciplina acadêmica, uma breve exposição sobre formação e profissionalização na área, em seu conjunto, consoante a questão que me tinha sido colocada pelos organizadores.
Em intenção dos curiosos e ausentes, transcrevo abaixo a versão textual do suporte em PowerPoint de minha apresentação, evidentemente telegráfica nessa forma, e que não é suscetível de abrigar todos os meus comentários (alguns desabusados) feitos na ocasião.
O fato é que ambos, o professor Villa e myself, nos estendemos em demasia nas palestras iniciais, não dando tempo suficiente, provavelmente, para respostas circunstanciadas para as muitas perguntas que nos foram feitas.
Eu pelo menos recolhi sete papeletas -- foi o que me passaram, pode ter havido outras -- com questões interessantes, às quais não pude dar respostas adequadas ou completas. Seria minha intenção, respondê-las de alguma forma, como venho fazendo de maneira ad hoc aos que me consultam -- repórteres, estudantes e outros curiosos -- sobre essas mesmas questões.
O mais provável é que eu reuna todos os meus textos dispersos e esparsos que abordaram essas questões e consolide numa matéria do tipo "Tudo o que você sempre quis saber..." e coloque depois à disposição dos interessados, no meu site ou neste blog.
Por enquanto, fiquem apenas com minha apresentação...
O Internacionalista e as Oportunidades de Trabalho: desafios
Paulo Roberto de Almeida
(pralmeida@mac.com; www.pralmeida.org)
Apresentação na Semana de Relações internacionais
do curso de relações internacionais da USP
(29 de maio de 2006, 17h30; FEA)
Transcrição de apresentação em PowerPoint:
1)
Fórum de Formação e Profissionalização em Relações Internacionais
Painel 1:
Origem, história e especificidade das RIs
São Paulo, 29 de maio de 2006, 17h30-19h00
FEA-USP
2)
Sumário da apresentação:
Quem é o profissional de relações internacionais e quais seriam os principais desafios do ponto de vista de sua formação educacional e de sua inserção profissional?
1. Um novo “personagem" na paisagem brasileira: o bacharel em relações internacionais.
2. Quem é ele?; o que ele é capaz de fazer?
3. Os cursos entregam o “produto” pronto?
4. O que podem fazer os alunos e os cursos?
3)
1. Um novo “personagem” na paisagem brasileira: o profissional em relações internacionais...
A grande transformação: o fim da história e a explosão dos cursos mercantis...
- Abertura internacional da economia brasileira nos anos 1990: globalização e regionalização como fatores indutores;
- Lei de Say (a oferta cria a sua própria demanda): surgimento de novas oportunidades profissionais no mercado.
4)
… alguns outros elementos relevantes para avaliar o “personagem” ...
Ponderar fatores de qualidade, derivados da:
- disponibilidade de bons cursos (avaliação curricular e parâmetros de formação);
- oferecimento de oportunidades reais (o curso está conectado com a sociedade?);
- integração e segmentação dos mercados (barreiras à entrada diminuem eficiência);
- empreendedorismo e cultura estatizante (quantos vão fazer concurso público?);
5)
2. Quem é o profissional de RI?; o que ele é capaz de fazer?
Sim, ele é capaz de muitas coisas, mas…
➢ possui capacidade analítica comprovada?
➢ tem ferramentas adequadas ao seu trabalho?
➢ foi preparado para ser um autodidata?
➢ tem idéia das oportunidades brasileiras?
➢ pôde seguir especializações instrumentais?
➢ foi exposto a simulações da realidade?
➢ aprendeu que na prática a teoria é outra?
➢ saiu do casulo universitário para a vida real?
➢ enfim, como pretende construir sua carreira?
6)
...outros elementos relevantes do homem com qualidades...
Quais são as qualidades do profissional RI?
- saber que existem várias RIs no mundo;
- que existe uma RI para a sua situação;
- que ele pode construir a sua própria RI;
- que isso pode ser feito cooperativamente;
- que self-reliance é a melhor receita;
- que prospectiva é melhor que perspectiva;
- que diversificação é um bom seguro-risco;
7)
3. Os cursos entregam o “produto” (o “personagem” RI) pronto?
Não, os cursos entregam um “produto” apenas parcialmente pronto;
Por que?…
> existem deficiências intrínsecas aos cursos
(nenhum curso é perfeito…);
> Um problema tradicional: - Por que ninguém me chama?
(os alunos acham que as empresas e organizações internacionais não se lembram que eles existem; ignoram que eles são bons, quase perfeitos…).
8)
… alguns aspectos da paisagem para o profissional em RI...
- Setor público (diplomacia and other few);
- Setor acadêmico (retornos decrescentes);
- Setor privado (maiores oportunidades);
- ONGs e outros alternativos (“idealistas”);
- Organizações internacionais (sortudos);
Empreendedorismo individual e coletivo:
- O mercado vai crescer?;
- Entzauberung: da ilusão à frustração…
9)
4. O que podem fazer os alunos e os cursos?
Reinventar sua própria formação:
➢ autodidatismo é sempre bem-vindo;
➢ políticas de formação para nichos especiais de mercado;
➢ seguimento das primeiras gerações de RI
(alguém se lembrou de fazer uma pesquisa?);
➢ um mercado ainda em testes...
Desafios e mais desafios…
10)
…grandes e pequenos problemas da profissionalização
As “irracionalidades” do processo de formação e de inserção no mercado…
➢ sempre tem algum detalhe não trabalhado;
➢ os formandos esperam ser chamados?;
➢ a regulamentação como remédio: de volta às corporações medievais de ofício?;
➢ da saturação à acomodação, em poucos anos mais (sedimentação e nichos).
11)
Ao fim e ao cabo…
…existem vantagens em ser um internacionalista: quais são elas?:
➢ mobilidade intersetorial;
➢ mobilidade espacial (geográfica);
➢ flexibilidade curricular e mental;
➢ nomadismo assegurado (às vezes grátis);
➢ acumulação “primitiva” de milhagens;
➢ aprender a pensar em inglês...
12)
Obrigado!
Paulo Roberto de Almeida
www.pralmeida.org
http://diplomatizando.blogspot.com/
Gostaria, em primeiro lugar, de deixar consignado meu reconhecimento pelo convite e meu agradecimento pela forma gentil e atenciosa com que fui tratado. Trata-se de um encontro com vários eventos sucessivos, que se desenvolve durante toda esta semana nas dependências do curso, e que demonstra o esforço que esses alunos vêm fazendo para se qualificar acadêmica e profissionalmente e se dotarem de "instrumentos" para se inserirem, desde já, no mercado de trabalho.
Fiz, na abertura, depois de uma exposição do Professor Rafael Villa sobre o desenvolvimento epistemológico das relações internacionais enquanto disciplina acadêmica, uma breve exposição sobre formação e profissionalização na área, em seu conjunto, consoante a questão que me tinha sido colocada pelos organizadores.
Em intenção dos curiosos e ausentes, transcrevo abaixo a versão textual do suporte em PowerPoint de minha apresentação, evidentemente telegráfica nessa forma, e que não é suscetível de abrigar todos os meus comentários (alguns desabusados) feitos na ocasião.
O fato é que ambos, o professor Villa e myself, nos estendemos em demasia nas palestras iniciais, não dando tempo suficiente, provavelmente, para respostas circunstanciadas para as muitas perguntas que nos foram feitas.
Eu pelo menos recolhi sete papeletas -- foi o que me passaram, pode ter havido outras -- com questões interessantes, às quais não pude dar respostas adequadas ou completas. Seria minha intenção, respondê-las de alguma forma, como venho fazendo de maneira ad hoc aos que me consultam -- repórteres, estudantes e outros curiosos -- sobre essas mesmas questões.
O mais provável é que eu reuna todos os meus textos dispersos e esparsos que abordaram essas questões e consolide numa matéria do tipo "Tudo o que você sempre quis saber..." e coloque depois à disposição dos interessados, no meu site ou neste blog.
Por enquanto, fiquem apenas com minha apresentação...
O Internacionalista e as Oportunidades de Trabalho: desafios
Paulo Roberto de Almeida
(pralmeida@mac.com; www.pralmeida.org)
Apresentação na Semana de Relações internacionais
do curso de relações internacionais da USP
(29 de maio de 2006, 17h30; FEA)
Transcrição de apresentação em PowerPoint:
1)
Fórum de Formação e Profissionalização em Relações Internacionais
Painel 1:
Origem, história e especificidade das RIs
São Paulo, 29 de maio de 2006, 17h30-19h00
FEA-USP
2)
Sumário da apresentação:
Quem é o profissional de relações internacionais e quais seriam os principais desafios do ponto de vista de sua formação educacional e de sua inserção profissional?
1. Um novo “personagem" na paisagem brasileira: o bacharel em relações internacionais.
2. Quem é ele?; o que ele é capaz de fazer?
3. Os cursos entregam o “produto” pronto?
4. O que podem fazer os alunos e os cursos?
3)
1. Um novo “personagem” na paisagem brasileira: o profissional em relações internacionais...
A grande transformação: o fim da história e a explosão dos cursos mercantis...
- Abertura internacional da economia brasileira nos anos 1990: globalização e regionalização como fatores indutores;
- Lei de Say (a oferta cria a sua própria demanda): surgimento de novas oportunidades profissionais no mercado.
4)
… alguns outros elementos relevantes para avaliar o “personagem” ...
Ponderar fatores de qualidade, derivados da:
- disponibilidade de bons cursos (avaliação curricular e parâmetros de formação);
- oferecimento de oportunidades reais (o curso está conectado com a sociedade?);
- integração e segmentação dos mercados (barreiras à entrada diminuem eficiência);
- empreendedorismo e cultura estatizante (quantos vão fazer concurso público?);
5)
2. Quem é o profissional de RI?; o que ele é capaz de fazer?
Sim, ele é capaz de muitas coisas, mas…
➢ possui capacidade analítica comprovada?
➢ tem ferramentas adequadas ao seu trabalho?
➢ foi preparado para ser um autodidata?
➢ tem idéia das oportunidades brasileiras?
➢ pôde seguir especializações instrumentais?
➢ foi exposto a simulações da realidade?
➢ aprendeu que na prática a teoria é outra?
➢ saiu do casulo universitário para a vida real?
➢ enfim, como pretende construir sua carreira?
6)
...outros elementos relevantes do homem com qualidades...
Quais são as qualidades do profissional RI?
- saber que existem várias RIs no mundo;
- que existe uma RI para a sua situação;
- que ele pode construir a sua própria RI;
- que isso pode ser feito cooperativamente;
- que self-reliance é a melhor receita;
- que prospectiva é melhor que perspectiva;
- que diversificação é um bom seguro-risco;
7)
3. Os cursos entregam o “produto” (o “personagem” RI) pronto?
Não, os cursos entregam um “produto” apenas parcialmente pronto;
Por que?…
> existem deficiências intrínsecas aos cursos
(nenhum curso é perfeito…);
> Um problema tradicional: - Por que ninguém me chama?
(os alunos acham que as empresas e organizações internacionais não se lembram que eles existem; ignoram que eles são bons, quase perfeitos…).
8)
… alguns aspectos da paisagem para o profissional em RI...
- Setor público (diplomacia and other few);
- Setor acadêmico (retornos decrescentes);
- Setor privado (maiores oportunidades);
- ONGs e outros alternativos (“idealistas”);
- Organizações internacionais (sortudos);
Empreendedorismo individual e coletivo:
- O mercado vai crescer?;
- Entzauberung: da ilusão à frustração…
9)
4. O que podem fazer os alunos e os cursos?
Reinventar sua própria formação:
➢ autodidatismo é sempre bem-vindo;
➢ políticas de formação para nichos especiais de mercado;
➢ seguimento das primeiras gerações de RI
(alguém se lembrou de fazer uma pesquisa?);
➢ um mercado ainda em testes...
Desafios e mais desafios…
10)
…grandes e pequenos problemas da profissionalização
As “irracionalidades” do processo de formação e de inserção no mercado…
➢ sempre tem algum detalhe não trabalhado;
➢ os formandos esperam ser chamados?;
➢ a regulamentação como remédio: de volta às corporações medievais de ofício?;
➢ da saturação à acomodação, em poucos anos mais (sedimentação e nichos).
11)
Ao fim e ao cabo…
…existem vantagens em ser um internacionalista: quais são elas?:
➢ mobilidade intersetorial;
➢ mobilidade espacial (geográfica);
➢ flexibilidade curricular e mental;
➢ nomadismo assegurado (às vezes grátis);
➢ acumulação “primitiva” de milhagens;
➢ aprender a pensar em inglês...
12)
Obrigado!
Paulo Roberto de Almeida
www.pralmeida.org
http://diplomatizando.blogspot.com/
2 Comments:
Já tinha podido ver antecipadamente a referida apresentação e gostei muito que tenha acatado minha humilde sugestão. "Personagem", sem dúvida, ficou melhor que a qualificação anterior... Poderia ser outra, que não estou certa ainda, mas, quando descobrir, faço questão lhe informar.
Pela descrição, noto que foi muito proveitosa para vc essa palestra e deva ter sentido o que eu já havia cansado de lhe dizer: vc é muito querido do meio acadêmico.
Parabéns!
Vivian.
Greets to the webmaster of this wonderful site! Keep up the good work. Thanks.
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