360) Já que estamos falando em astrologia...
...não custa nada lembrar este meu post, o primeiro do ano, ou melhor, o último do ano passado, e que já fazia algumas previsões eastrológicas na área da nossa política externa.
Será que o Itamaraty está preparado para lidar com essas surpresas? Será que ele vai contratar algum astrólogo para examinar a agenda diplomática do ano?
Em todo caso, confiram as previsões, segundo minha crônica de 4 meses atrás:
Sábado, Dezembro 31, 2005
102) Astrologia diplomática?
Eu nem sei por que ainda damos atenção a essas bobagens... Deve ser porque certos jornalistas são mais surpreendentes do que poderíamos esperar de uma corporação que desfruta, por obra e graça de uma legislação bizarra, de uma reserva de mercado voltada para a ocupação exclusiva desse tipo de "ofício" nos órgãos de comunicação. Tentando não ser muito duro com os jornalistas, posso também aventar a hipótese alternativa de que os jornalistas estão apenas tentando satisfazer a curiosidade atávica do público médio por essas inevitáveis "previsões astrológicas" que todo final de ano contaminam como uma praga os meios de comunicação.
Seja por uma hipótese ou por outra, eu nao escapei, neste 31 de dezembro de 2005, de ouvir, na minha rádio de notícias favorita (vou diminuir o meu crédito de confiança para com ela), as previsões de um "renomado astrólogo" sobre o que os astros reservam ao Brasil durante 2006.
O fato é que o cidadão prestiditador, que se auto-nomeia presidente da Ordem Nacional dos Astrólogos (caramba, existem ordens para quaisquer crendices) e cujo nome eu felizmente não guardei, dedicou-se durante intermináveis cinco minutos a traçar um panorama assustador para o nosso país e a sua política externa.
Sim, não contentes de, todo ano, preverem catástrofes, incêndios (ele aproveitou o que ocorreu recentemente num prédio do INSS em Brasília para relembrar que tinha previsto "incêndios em edifícios oficiais no começo de 2005"), mortes de personalidades ilustres -- essas são inevitáveis e não deveriam valer para fins de astrologia --, esses astrólogos que se pretendem sérios agora se metem também na política externa. Onde vamos parar?
Pois o tal presidente da Ordem Nacional dos Astrólogos previu todo o lote habitual de conflitos e problemas para o Brasil, estimou alguma expansão econômica em 2006, previu a "volta dos liberais ao poder" -- essa já é covardia --, adiantou tensões entre o ministério da Fazenda e os demais -- esse cara, decidamente, é um leitor de jornais e não só de mapas astrais --, falou das tais mortes de brasileiros ilustres (acho que eles deveriam ser multados por isso) e depois enveredou impavidamente pelo campo diplomático.
E o que previu tão dispensável personagem dos nossos meios de comunicação, que deveria deixar o Itamaraty de orelhas em pé e tratar de reforçar os plantões diplomáticos dos fins de semana para prevenir eventuais catástrofes também na frente externa?
O cidadão astrologista teve a petulância de prever fortes tensões do Brasil com os países vizinhos -- a expressão usada foi "conflitos intensos", pois a essa altura eu já estava com o meu caderninho na mão --, inclusive com o risco de "rompimento de relações diplomáticas". Olhando para não sei qual mapa astral, ele predisse que os momentos de maior tensão seriam em junho e julho, segundo ele "dois meses de muitos perigos ao nível das relações exteriores do Brasil" (sim, seu Português era tão capenga quanto devem ser suas previsões de astrologia diplomática).
A insistência nas relações internacionais e regionais do Brasil me surpreendeu, pois isso normalmente não faz parte do menu habitual das previsões astrológicas. O setor de planejamento diplomático do Itamaraty passa agora a sofrer forte concorrência de pessoas estranhas à Casa, o que pode ser preocupante.
Tudo isso deve ser pura especulação, mas se o Itamaraty for realmente precavido, e tiver alguma dose de crendice astrológica, ele deveria conduzir um certo esforço de "diplomacia preventiva" para evitar essas tensões perigosas com os vizinhos, ao ponto da ruptura, segundo o astrólogo em questão. Creio que previsões mais extensas, detalhadas e completas devem estar no site da referida Ordem (que eu não sei qual é e não pretendo procurar).
Em todo caso, o plantão diplomático deste final de ano poderia romper o tédio fazendo algum tipo de pesquisa nessa direção...
(postado no blog: http://paulomre.blogspot.com/)
Será que o Itamaraty está preparado para lidar com essas surpresas? Será que ele vai contratar algum astrólogo para examinar a agenda diplomática do ano?
Em todo caso, confiram as previsões, segundo minha crônica de 4 meses atrás:
Sábado, Dezembro 31, 2005
102) Astrologia diplomática?
Eu nem sei por que ainda damos atenção a essas bobagens... Deve ser porque certos jornalistas são mais surpreendentes do que poderíamos esperar de uma corporação que desfruta, por obra e graça de uma legislação bizarra, de uma reserva de mercado voltada para a ocupação exclusiva desse tipo de "ofício" nos órgãos de comunicação. Tentando não ser muito duro com os jornalistas, posso também aventar a hipótese alternativa de que os jornalistas estão apenas tentando satisfazer a curiosidade atávica do público médio por essas inevitáveis "previsões astrológicas" que todo final de ano contaminam como uma praga os meios de comunicação.
Seja por uma hipótese ou por outra, eu nao escapei, neste 31 de dezembro de 2005, de ouvir, na minha rádio de notícias favorita (vou diminuir o meu crédito de confiança para com ela), as previsões de um "renomado astrólogo" sobre o que os astros reservam ao Brasil durante 2006.
O fato é que o cidadão prestiditador, que se auto-nomeia presidente da Ordem Nacional dos Astrólogos (caramba, existem ordens para quaisquer crendices) e cujo nome eu felizmente não guardei, dedicou-se durante intermináveis cinco minutos a traçar um panorama assustador para o nosso país e a sua política externa.
Sim, não contentes de, todo ano, preverem catástrofes, incêndios (ele aproveitou o que ocorreu recentemente num prédio do INSS em Brasília para relembrar que tinha previsto "incêndios em edifícios oficiais no começo de 2005"), mortes de personalidades ilustres -- essas são inevitáveis e não deveriam valer para fins de astrologia --, esses astrólogos que se pretendem sérios agora se metem também na política externa. Onde vamos parar?
Pois o tal presidente da Ordem Nacional dos Astrólogos previu todo o lote habitual de conflitos e problemas para o Brasil, estimou alguma expansão econômica em 2006, previu a "volta dos liberais ao poder" -- essa já é covardia --, adiantou tensões entre o ministério da Fazenda e os demais -- esse cara, decidamente, é um leitor de jornais e não só de mapas astrais --, falou das tais mortes de brasileiros ilustres (acho que eles deveriam ser multados por isso) e depois enveredou impavidamente pelo campo diplomático.
E o que previu tão dispensável personagem dos nossos meios de comunicação, que deveria deixar o Itamaraty de orelhas em pé e tratar de reforçar os plantões diplomáticos dos fins de semana para prevenir eventuais catástrofes também na frente externa?
O cidadão astrologista teve a petulância de prever fortes tensões do Brasil com os países vizinhos -- a expressão usada foi "conflitos intensos", pois a essa altura eu já estava com o meu caderninho na mão --, inclusive com o risco de "rompimento de relações diplomáticas". Olhando para não sei qual mapa astral, ele predisse que os momentos de maior tensão seriam em junho e julho, segundo ele "dois meses de muitos perigos ao nível das relações exteriores do Brasil" (sim, seu Português era tão capenga quanto devem ser suas previsões de astrologia diplomática).
A insistência nas relações internacionais e regionais do Brasil me surpreendeu, pois isso normalmente não faz parte do menu habitual das previsões astrológicas. O setor de planejamento diplomático do Itamaraty passa agora a sofrer forte concorrência de pessoas estranhas à Casa, o que pode ser preocupante.
Tudo isso deve ser pura especulação, mas se o Itamaraty for realmente precavido, e tiver alguma dose de crendice astrológica, ele deveria conduzir um certo esforço de "diplomacia preventiva" para evitar essas tensões perigosas com os vizinhos, ao ponto da ruptura, segundo o astrólogo em questão. Creio que previsões mais extensas, detalhadas e completas devem estar no site da referida Ordem (que eu não sei qual é e não pretendo procurar).
Em todo caso, o plantão diplomático deste final de ano poderia romper o tédio fazendo algum tipo de pesquisa nessa direção...
(postado no blog: http://paulomre.blogspot.com/)
1 Comments:
Great site lots of usefull infomation here.
»
Postar um comentário
<< Home