quinta-feira, junho 01, 2006

455) Entrevista do ministro das Relações Exteriores

Destaco este trecho desta entrevista do ministro Celso Amorim à revista Exame:
"O que acontece é que hoje o Brasil tem uma política externa. Isso chama atenção. Quando o Brasil tinha um relacionamento internacional, que seguia certos princípios, mas não tinha uma postura afirmativa, a política externa não era assunto. O crescimento dos negócios com os parceiros da América Latina nos últimos anos é uma prova de que nossa ênfase na região está correta."

“Não podemos ganhar todas”: Celso Amorim fala à revista Exame
(1/6/2006 10:50:36)

O dólar que o empresário recebe não é ideológico.
"Estamos no rumo certo"

Nem o confisco dos negócios da Petrobras na Bolívia abalou a confiança do chanceler na política externa brasileira

Crise na Bolívia, desintegração do Mercosul, fracasso no pleito para conseguir um assento no Conselho de Segurança da ONU. Contra todas as evidências, o chanceler Celso Amorim defende que a política externa brasileira é um sucesso. A seguir, seus argumentos.

1 - Mesmo diante de vários indícios de que Evo Morales iria radicalizar, a diplomacia brasileira não acreditava que os negócios do país seriam prejudicados na Bolívia. Como explicar esse erro de avaliação?
Sabíamos que haveria a nacionalização dos recursos naturais. Já a maneira como ela foi feita, com a presença de tropas, talvez nos tenha surpreendido um pouco. Existe por lá um processo político evoluindo, e isso levou a alguns gestos desnecessários. Seria melhor que não tivessem ocorrido.

2 - O que o Brasil vai fazer se a Bolívia continuar reticente sobre as indenizações à Petrobras?
Vamos recorrer a todos os fóruns internacionais. Mas ainda acredito numa solução conciliatória.

3 - O que o leva a crer que a diplomacia brasileira agiu de forma correta no caso?
Respeito as críticas, mas acho que temos agido com firmeza e respeito no episódio da Bolívia. Estamos no caminho correto, não só com relação a esse caso, mas também na condução geral da política externa brasileira.

4 - Se o rumo está correto, por que existe uma percepção geral de que a política externa é a área mais fraca do governo?
O que acontece é que hoje o Brasil tem uma política externa. Isso chama atenção. Quando o Brasil tinha um relacionamento internacional, que seguia certos princípios, mas não tinha uma postura afirmativa, a política externa não era assunto. O crescimento dos negócios com os parceiros da América Latina nos últimos anos é uma prova de que nossa ênfase na região está correta.

5 - E o que explica a desintegração do Mercosul? Até o Uruguai fala em fechar acordos diretamente com os Estados Unidos...
Eles podem fazer um acordo hoje e ter um ganho a curto prazo, mas vão ser ignorados em negociações futuras. Vou ser bastante franco: o mercado uruguaio é muito pequeno. É uma realidade da vida. A despeito de problemas pontuais, a comunidade sul-americana de nações está avançando.

6 - Mas o Brasil não faz concessões demais? Recentemente, deixou que a Argentina impusesse uma série de barreiras à importação de produtos brasileiros.
Não podemos ganhar todas. Nossas exportações para a Argentina aumentaram 61% de 2004 para 2006. Há dificuldades, mas nossa relação está ótima. Existem boas perspectivas de expansão e aprofundamento do Mercosul. O bloco comercial é importante para garantir estabilidade política e econômica para a América do Sul.

7 - Não seria melhor deixar um pouco de lado essas preocupações políticas e investir em relações que nos tragam benefícios comerciais mais imediatos?
Política está presente em tudo. E os resultados estão aí, para quem quiser conferir. Nem sempre isso é divulgado. Estamos vendendo mais não só para a Venezuela, mas também para Colômbia, Peru e Argentina. O dólar que o empresário recebe, pode ter certeza, não é ideológico.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

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segunda-feira, julho 03, 2006 8:50:00 AM  

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