quarta-feira, abril 05, 2006

338) Continuando o debate sobre os cursos de RI no Brasil...

Desta vez com a participação do Pablo Macanhão, o mais ativo animador dos encontros de estudantes de RRII (como diria a Vivian, seguindo os nossos hermanos...) no Brasil:

Transcrevo mensagem de 4 de abril:

"NÃO TENHO CERTEZA DE QUE ESSE SEJA O MELHOR CAMINHO PARA QUEM ASPIRA A SER ALGUMA COISA NA VIDA, POIS SE TRATA DE UMA ÁREA RELATIVAMENTE NOVA E NÃO SUFICIENTEMENTE "TESTADA" NOS MERCADOS DE TRABALHO"
Mesmo achando que o Prof. Paulo Roberto de Almeida tenha pegado um pouco pesado nesta afirmação (uma meia certeza), ele tem total razão no que diz, mesmo que muitos se sintam incomodados.

A abertura de inúmeras IES, que por sua vez criaram diversos cursos de RI, não acompanhou a demanda por profissionais deste campo relativamente tão novo no mercado de trabalho.

E a tal elasticidade do mercado, não acompanhou a elasticidade dos diversos perfis dos bachareis de relações internacionais. O formado na PUC-SP, não tem o mesmo perfil de um estudante formado na FAAP, ou na FASM, UNISUL, UNIVALI...são todos diferentes entre si. Se nós não sabemos definir o perfil deste profissional, será o mercado quem terá que descobrir? Acho difícil que a maioria dos grandes empregadores estejam interessados nisso.

Conheço várias pessoas, das mais diversas IES, até mesmo de conceituadas universidades, que não atuam na área e não porque não são bons profissionais, mas porque o mercado desconhece o perfil de um "internacionalista".

As instituições que se criaram para fortalecer o curso de RI no Brasil seguem remando contra a maré (estou me referindo especialmente a FENERI e ANPRI, já que ainda não conheço a fundo o papel da ABRI).

A FENERI, desde a sua criação, discute mais as rinchas entre seus cursos do que propriamente uma estratégia de desenvolvimento do estudo ou de uma representação efetivas dos estudantes. Perdem muito tempo discutindo o que as suas instituições têm de bom e o que as outras têm de pior.
Ao que me parece, o papel primordial da FENERI deveria ser o de primar pela qualidade do ensino nas IES, sem discriminar nenhuma delas. Ao contrário, serve de guerras verbais em prol de seu curso.

A ABRI, que ainda não conheço tão bem ainda, me parece ter um papel estritamente acadêmico. Um grupo de professores das mais conceituadas universidades (onde os cursos de RI devem concentrar uns 10% do total de profissionais formados atualmente) que se reuniu para "fomentar o estudo das relações internacionais no Brasil".
Sinceramente, espero do fundo do meu peito "juvenil", que seja uma instituição que realmente divulgue os seus estudos, que promova algum tipo de desenvolvimento da área e que seja democrática ao ponto de oferecer oportunidade aos acadêmicos de todas as 70 IES do Brasil.
Acho que não se deve fazer deferência especial a um grupo de IES, e sim tentar englobar o maior número possível delas para que haja representatividade e oportunidade de crescimento pessoal e profissional dos acadêmicos que atuam na região Sul, o "baixo" Centro-Oeste e Nordeste.

Já a ANPRI, e aqui sim falo com total propriedade, é uma instituição democrática que visa representar os interesses de TODOS aqueles que atuam na área de relações internacionais e não só do bacharel em RI.

Aqueles que sempre acompanharam as nossas discussões sabem o quanto o ENEPRI tem sido um caminho proveitoso para se discutir o papel e o perfil do profissional em RI em todo o Brasil. No evento do ano passado, tivemos a presença de 17 universidades. Pode ser um número baixo frente ao número total, mas contou com participantes de todos os Estados onde tem curso de RI: BA, PE, SP, RJ, SC, PR, RS, MG, MS, GO e mais DF.

Levamos grandes palestrantes, formamos vários grupos de discussão, e este ano traremos algumas novidades, visando a "troca de cartões" entre aqueles que estão atuando na área e os que buscam alguma oportunidade. Os que atuam, poderão fechar parcerias com os demais companheiros de profissão, criarão novos projetos em conjunto, etc. Aqueles que buscam uma oportunidade, poderão fazer bons contatos e ter a possibilidade de atuar na área.

Ainda este ano, queremos promover cursos de aperfeiçoamento aos associados (de comércio exterior, economia, direito, Pol. Ext.), de acordo com o que nos for demandado.

A minha crítica as demais instituições é apenas um estímulo e um alerta para que possam junto com a ANPRI estimular o desenvolvimento de RI no Brasil e conscientizar o mercado de trabalho sobre o potencial deste profissional.

O que eu desejo (assim como o autor da frase) é que daqui alguns anos, esta área seja o melhor caminho para quem aspira ser alguma coisa na vida.

Pablo S. Macanhão

PS: Não acho que precise fazer um pedido de perdão pela frase. Quem doa grande parte do seu tempo e da sua vida para as RI´s, prova o quanto é apaixonado pela área e o quanto quer vê-la desenvolvida."

Voilà: o debate continua. Tenho ainda outras mensagens para postar...