363) Tom Skidmore: um americano cordial...
Minha homenagem a Tom Skidmore:
O americano cordial: Thomas Skidmore e a história do Brasil
Paulo Roberto de Almeida
(www.pralmeida.org)
Poucos historiadores, brasileiros ou estrangeiros, tiveram um impacto tão grande sobre a história e a historiografia brasileira contemporâneas quanto Tom Skidmore. Ele constitui, praticamente, a síntese do que se poderia chamar de “brasilianista”. Sua importância foi tamanha, sobretudo a partir de seu pioneiro Politics in Brazil (1967) – aqui traduzido como “De Getúlio a Castelo Branco” – que os “produtores” nacionais de história, ressabiados, alertavam que a história do Brasil estava sendo escrita em inglês, aproveitando, é claro, para reclamar das facilidades que os brasilianistas tinham, durante o período militar, de acesso aos arquivos e a personalidades políticas, num momento em que nossa intelectualidade estava sendo estreitamente vigiada pelos censores do regime autoritário.
Em reconhecimento a Tom Skidmore, deve-se reconhecer, em primeiro lugar, que, ao lado da história relativamente impressionista ou carregada de paixões políticas que estava sendo produzida pelos pesquisadores brasileiros, ele se dedicou, essencialmente, a produzir uma história objetiva, isenta, à salvo das nossas paixões e ódios do momento, uma história basicamente fundada sobre a documentação dos arquivos e uma leitura honesta dos dados da realidade, dando espaço adequado a diferentes visões do nosso processo histórico. Ele renovou, por outro lado, os estudos sobre raça no Brasil, revelando os fundamentos ideológicos dos discursos sobre a “democracia racial”. Sua vasta obra, inclusive a que ainda não foi traduzida, permite um passeio bem informado pela história do Brasil, com destaque para o período contemporâneo, o mais difícil de receber tratamento isento e equilibrado.
Pode-se dizer, sem sombra de dúvida, que ainda não existe um equivalente nacional à sua obra, que permanece, assim, como A referência indispensável a todo estudante do Brasil contemporâneo. Ele é o moderno herdeiro de Robert Southey, o inglês que produziu, no início do século XIX, a única história do Brasil então disponível.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 1577: 14 de abril de 2006
Editor do livro O Brasil dos Brasilianistas (Paz e Terra, 2001)
1 Comments:
Compartilho sua homenagem a Skidmore. Mais que merecida. Certos historiadores que abraçam teorias conspiratórias e visões ideológicas deveriam aprender com o velho Tom. Ah, mas ele é "gringo"...
Abs., Tambosi
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